quinta-feira, 2 de abril de 2020

História Turmas 81 e 82

Queridos alunos leiam, copiem e respondam as atividades. História do Brasil - BORIS FAUSTO- BRASIL COLÔNIA Esta postagem na minha opinião, é uma das mais importantes para historiadores, estudantes, etc. pois se trata de um conjunto de perguntas e respostas que envolve um dos maiores historiadores de HISTÓRIA DO BRASIL, Boris Fausto, pra você que ainda não conseguiu ler o livro, essa é uma oportunidade de conhecer. Estou começando em ordem cronológica primeiro com a Colônia, e a seguir: Império, República, Era Vargas, Brasil democrático, Regime militar, Redemocratização... Por que Portugal foi o país pioneiro na expansão? Por várias razões. Uma, de ordem interna, foi o fato de que muito cedo Portugal se transformou numa monarquia centralizada, e a Coroa portuguesa teve recursos suficientes para empreender uma grande aventura, em busca de novas terras. Além disso, os portugueses aprenderam com os genoveses as técnicas de navegação e começaram a desenvolver essa atividade. Outro fator é a posição geográfica de Portugal, numa espécie de ponta da Europa, facilitando para os portugueses a tarefa de se lançar pelo oceano Atlântico afora. Que os portugueses pretendiam, ao sair de sua terra? Certamente, foram em primeiro lugar buscar benefícios materiais. As grandes atrações naquele momento eram o ouro e as especiarias. Além de dar sabor, as especiarias também mascaravam o gosto ruim dos alimentos, que naquela época apodreciam facilmente. Então, eles queriam pimenta, cravo-da-índia... Ao mesmo tempo, havia um espírito de aventura, o desejo de conhecer novos mundos, novas terras, a expectativa de encontrar coisas que as pessoas nem imaginavam. Tecnicamente, as expedições portuguesas pelo mar eram muito avançadas para a época, inclusive com o navio leve e extremamente eficiente que haviam inventado que era a caravela. Foi com a caravela, numa grande expedição, que Pedro Álvares Cabral acabou avistando a terra brasílica nas costas da Bahia. E como foi a chegada ao Brasil? O contato da expedição de Cabral com os indígenas é algo que a gente não pode reproduzir, esta é uma limitação do historiador, de qualquer um de nós. Mas, embora seja impossível reconstituir tudo isso, existe os relatos que ajudam. A carta de Pero Vaz de Caminha, por exemplo, é um documento fundamental. Ele era um escrivão da armada de Cabral, precisava relatar os fatos, e foi isso que fez, narrando com riqueza de detalhes os primeiros contatos com os índios, a impressão causada pela natureza, a primeira missa etc. A descoberta do Brasil teria sido um acaso? Houve e ainda há muita discussão a respeito do “achamento” do Brasil. Os grupos se dividem entre a tese da chamada intencionalidade e a tese do acaso. Mas essa questão não é tão importante. O fato talvez mais relevante é que, quando os portugueses chegaram ao que viria a ser o Brasil, não tinham idéia da extensão das terras que encontraram. E não lhe deram muita importância, do ponto de vista econômico. O que foi o Tratado de Tordesilhas? Foi uma linha imaginária com que Portugal e Espanha dividiram o mundo a oeste da península Ibérica, onde os dois países estavam situados. A respeito desse assunto, existe uma discussão sobre a possibilidade de os portugueses conhecerem terras que ainda não ocupavam. Porque na realidade o Tratado de Tordesilhas beneficiou mais Portugal do que a Espanha. Como foram os primeiro contatos entre os portugueses e os índios? Hoje, evita-se falar em descobrimento do Brasil, há quem até encontre uma saída usando essa palavra esquisita, “achamento”. Mas o Brasil não foi nem descoberto nem achado, não era uma terra vazia à qual os portugueses chegaram. Na realidade era uma terra ocupada pelos índios. Os portugueses tomaram posse dessa terra e daí começou uma história de contatos e de muita violência. Como viviam esses índios? Estavam divididos em muitas tribos. Hoje é comum falar em tupi-guaranis como se fosse uma coisa só, mas mesmo os tupis e os guaranis eram diferentes. Havia outras tribos muito guerreiras, como a dos aimorés, e por ai vai. Não havia uma grande nação indígena na costa do que viria a ser o Brasil, e sim uma série de tribos que ora conviviam, ora entravam em luta. Qual o papel da Igreja Católica no Brasil colonial? O Estado português teve com relação à Igreja uma posição de certa dominância. Era o sistema chamado d padroado. O padroado era uma espécie de de entendimento não-escrito entre Coroa portuguesa e a Igreja, pelo qual a Igreja tinha poderes espirituais, mas ao mesmo tempo a Coroa tinha um controle na nomeação de eclesiásticos e era também responsável pelo pagamento do clero, dos padres que vinham para o Brasil – não das ordens religiosas, mas do chamado clero secular. A Igreja dedicava-se à conversão dos índios ao catolicismo. Para isso, era preciso organizar as aldeias, ensinar a religião católica e não destruir a população indígena. Mas houve muitos choques entre a Igreja e os colonos no Brasil, porque os colonos tinham outro interesse: o de explorar o trabalho indígena E as capitanias hereditárias? Nos primeiro tempos, os portugueses estavam mais interessados no comércio com a Índia e pensaram no Brasil como uma espécie de ponto de parada nessa rota. Mas à medida que outros povos começaram a chegar, tentando ocupar a terra, eles se viram obrigados, por razões mais políticas do que econômicas, a encontrar uma forma de colonização. A primeira forma de colonização foram as chamadas capitanias hereditárias. Os donatários de capitanias tinham poderes no papel, e precisavam enfrentar uma série de problemas. As capitanias fracassaram, e daí a Coroa portuguesa teve a idéia de instituir um governo geral no Brasil. O que foi esse governo geral? O governo geral correspondeu à necessidade de se ter um poder que centralizaria a administração da Colônia. Mas isso ficou na intenção. O governador geral tinha um raio de ação pequeno, na Bahia, no Nordeste. Nas outras regiões do país ele mandava muito pouco, até o século XVIII. Qual a extensão da efetiva ocupação da Colônia? Esse Brasil dos primeiro tempos pode ser definido pelo que diz um cronista importante, Frei Vicente do Salvador; segundo ele, os portugueses a princípio se arrastavam pela praia como caranguejos. O que quer dizer isso? Que eles conseguiam ficar apenas na praia, e concentrados no litoral do Nordeste. A ocupação do interior foi um processo lento, que só se completou ao longo dos séculos. Por que os portugueses recorreram à escravidão? Os portugueses tinham uma experiência de mão-de-obra escrava na costa da África e haviam levado muitos negros para Portugal, para realizar serviços domésticos. No início, pensaram em escravizar os índios, que, curiosamente, chamavam de “negros da terra”. A experiência de escravização da mão-de-obra indígena levou bastante tempo, mas em grandes linhas fracassou, por várias razões. Uma delas é que os índios estavam em seu próprio território, eles conheciam bem as saídas para evitar o apresamento. Uma segunda razão se encontra na resistência dos índios ao gênero de trabalho que os portugueses queriam lhes impor, porque sua experiência prévia não era de trabalho regular, pesado; viviam pescando, coletando frutos, fazendo roça, de uma maneira muito mais livre. Pela própria natureza da sua experiência, os índios tendiam a resistir tenazmente à escravidão. Além disso, uma verdadeira catástrofe demográfica: não estavam preparados para o contato com o homem branco, para resistir a vírus e bactéria que produzem doenças às vezes corriqueiras para os europeus. Houve uma grande mortandade causada por doenças como a gripe, por exemplo. Por tudo isso, os portugueses perceberam que a escravização indígena não dava certo e começaram a trazer negros africanos como escravos. A escravidão dos índios praticamente desapareceu substituída pela africana – mas isso não quer dizer que a situação indígena deixasse de ser muito precária. Quando os portugueses se preocuparam com a questão da mão-de-obra? Quando perceberam que era viável explorar a Colônia do ponto de vista econômico se concentraram principalmente na produção de açúcar, plantando cana. Tinham uma longa experiência nas ilhas da costa africana, e conheciam muito bem o negócio do açúcar. Só que para tocar uma grande fazenda de plantação de cana necessitavam de braços, e não havia condições de atrair trabalhadores livres. Foi aí que começaram a tentar utilizar os índios, sem êxito, e depois a explorar o tráfico africano. Mas o escravo não era importante apenas como mão-de-obra. O negócio de traficar escravos era em si extremamente valioso; em certos períodos da história brasileira, muitas riquezas foram geradas pelo comércio de escravos, e não pela produção baseada nesse tipo de trabalho. Era comum a resistência dos negros à escravidão? Dada a extensão do país e a diversidade dos grupos, nunca houve, no Brasil, algo comparável a uma grande insurreição de escravos – como aconteceu no Haiti, no século XVIII. Mas houve resistência. A forma mais conhecida é o quilombo, uma organização de negros fugidos e de gente marginalizada, criando uma vida alternativa à exploração colonial. Havia outras maneiras menos ostensivas de resistir, no dia-a-dia, como o não-cumprimento de ordens, a lentidão no ritmo de trabalho etc. Vários estudos têm mostrado que os escravos da casa-grande encontravam formas de adaptação e de resistência aos senhores. O que faziam, no Nordeste os que não viviam em torno do engenho de açúcar? Havia os tropeiros no âmbito do comércio, a criação de gado no interior e várias outras atividades ligadas ao mercado interno. Os portugueses conseguiam manter sua hegemonia na Colônia? Houve uma série de expedições de outros países com o propósito de conquistar a Colônia. Os franceses, por exemplo, estiveram no Rio de Janeiro e depois no Maranhão. Mas a presença mais importante foi sem dúvida a dos holandeses. Eles ocuparam Salvador e foram obrigados a se retirar; mas em uma segunda incursão, desta vez em Pernambuco, permaneceram muito mais tempo. Por que os holandeses vieram ao Brasil? Isso tem muito a ver com a união das Coroas espanhola e portuguesa, sob o comando da primeira, a partir de 1580. Como havia uma disputa entre a Espanha e a Holanda, a partir da união Portugal também se tornou inimigo dos holandeses. Os holandeses tinham dois objetivos básicos: conquista de parte do território brasileiro e controle do comércio de escravos. Assim, ao mesmo tempo em que ocuparam Pernambuco avançaram em direção à costa ocidental da África. A civilização holandesa no Brasil foi muito significativa e deixou vestígios permanentes, principalmente como resultado do governo de Maurício de Nassau. Acabaram sendo militarmente derrotados e foram expulsos da Colônia. Qual a reação dos colonos a presença holandesa? Os holandeses foram combatidos pelos colonos que ali estavam, e há até quem diga, com algum exagero, que dessa luta se originou o sentimento de brasilidade. Uma minoria de colonos endividados com os portugueses buscou se juntar aos holandeses, esperando obter o perdão de suas dívidas. Mas de modo geral foi gente da terra que primeiro resistiu aos holandeses; só depois Portugal veio em socorro da Colônia. Além do Nordeste, qual outra região sobressaía no Brasil da época? Um dos fatos interessantes no povoamento do Brasil durante o período colonial é que a região Centro-Sul era isolada, pouco importante, na qual viviam muitos índios, uma população rústica. Aí se falava a chamada língua geral do Brasil, que era uma espécie de tupi adaptado à fala portuguesa. Quando a gente pensa no Brasil de hoje, é difícil imaginar que o Nordeste era a área mais avançada, e o Centro-Sul a mais atrasada. E quanto à formação étnica do povo brasileiro? Cabe muita coisa na expressão “povo brasileiro”, mas de qualquer maneira PE nítido o cruzamento de raças – branco, índio, negro. Por que isso? O português, quando veio para essa terra imensa, não tinha à sua disposição mulheres brancas co quem pudesse casar, ou simplesmente se amasiar. Então dói muito freqüente o cruzamento de etnias, que deu origem ao povo mestiço que caracterizou o Brasil, até a imigração em massa, no final do século XIV. Quais partes do Brasil os portugueses conheciam no século XVII? O Brasil do século XVII ainda era uma colônia pouco explorada. Mas os portugueses já não se arrastavam pela costa como caranguejos, eles avançavam terra adentro. Nesse avanço, os bandeirantes desempenharam um papel importante, combinando a ocupação da terra com a violência no apresamento dos indígenas. Em meados do século XVIII, os portugueses realizaram um sonho que perseguiam desde sua chegada ao Brasil: a descoberta de riquezas minerais. Isso se deveu às expedições dos bandeirantes. Cidade de Ouro Preto e a riqueza trazida com a descoberta de jazidas de ouro Qual o resultado da descoberta de jazidas? O ouro transformou as relações da Coroa portuguesa com outros países da Europa e mudou a paisagem social da Colônia. Do ponto de vista social, a civilização do ouro está ligada à vinda de portugueses em maior escala, em uma verdadeira corrida em busca desse metal. Com isso, surgiram muitas cidades, envolvendo tanto gente rica quanto gente pobre. A civilização barroca, as igrejas, as artes, a obra de Aleijadinho, tudo isso foi produzido essencialmente pela civilização do ouro. Embora as riquezas fossem geradas na Colônia, o ouro era enviado em grande escala para a Metrópole, beneficiando também a Inglaterra, de quem Portugal era dependente. Ao longo do tempo, o ouro foi ficando escasso e as exigências da Coroa cresceram, sob a forma de impostos cada vez mais pesados. Essa circunstância gerou uma série de atritos, e teve algo a ver com o surgimento da Inconfidência Mineira. O que gerou a Inconfidência Mineira? Nos últimos vinte anos do século XVIII surgiram no Brasil alguns movimentos de rebeldia contra a Coroa, dos quais o mais conhecido foi a Inconfidência Mineira. Essa tentativa de revolta, que na realidade nunca chegou a explodir em Minas, foi uma situação em que a elite local, que estava ganhando influência, se sentiu cada vez mais posta de lado pela administração portuguesa. Além disso, as dívidas contraídas com Portugal geravam um clima de insatisfação na região de Minas Gerais, num período já de decadência do ouro e também dos diamantes. Houve outros movimentos de revolta? Além da Inconfidência Mineira, ocorreu uma série de revoltas contra Portugal a partir de fins do século XVIII. Por exemplo, a Conjuração dos Alfaiates, na Bahia, que em termos de composição social era mais popular do que a Inconfidência. Mas os episódios de Minas foram os mais importantes. Basta ver a atitude da Coroa, que montou um grande processo contra os inconfidentes, culminado com a encenação na qual Tiradentes foi enforcado, no Rio de Janeiro. Como era o Brasil no final do século XVIII? Haviam ocorrido muitas transformações. A economia era diversificada, com açúcar, ouro, gado etc. Por outro lado, existiam áreas de disputa territorial. Por exemplo, as fronteiras no sul viviam em contínua disputa com os espanhóis. Enfim, não era ainda o Brasil de hoje, embora já se aproximasse deste, do ponto de vista geográfico. Quando o sistema colonial entrou em crise? No começo do século XIX, por um conjunto de razões. Teoricamente, todas as transações comerciais da Colônia com o mundo só poderiam ser feitas por intermédio da Metrópole. Na prática, isso furou. Portugal entrou em decadência e teve de aceitar a presença de outras potências, particularmente a Inglaterra, no comércio brasileiro. O sistema colonial trazia embutido o tráfico de escravos. Quando a Inglaterra entrou em um surto industrial e buscou criar um mercado de mão-de-obra livre, o tráfico de escravos começou a ser quebrado pelos ingleses. Ao mesmo tempo, a Inglaterra tratava de liberar o comércio internacional para poder extrair deles plenas vantagens, sem depender de intermediários. Essas transformações vieram acompanhadas de um movimento de idéias liberais, tendo como objetivo alcançar a autonomia, e mesmo a independência das antigas colônias. O que mudou com a chegada da família real? A vinda da família real para o Rio de Janeiro, no começo do século XIX, foi um fato político da maior importância para a Independência do Brasil. No jogo das potências da Europa, Portugal estava acossado pelos franceses, por Napoleão, que invadira seu território. Ao vir para a Colônia, Dom João VI e sua corte passaram por Salvador e se instalaram no Rio de Janeiro, que naquela altura já era a capital. Há quem diga, numa frase muito feliz, que de certo modo a Metrópole virou colônia e a Colônia virou metrópole. Com a presença da corte, o Rio de Janeiro se transformou, em muitos níveis – arquitetura, pintura, habitação, novos costumes etc. No plano das relações internacionais, um dos fatos mais importantes relacionados com a presença de Dom João VI foi o reconhecimento, com todas as letras, da liberalização do comércio internacional. Quer dizer, o Brasil teve seus portos abertos às nações amigas – e a gente deve pôr isso entre aspas, porque nesse caso falar em “nações amigas” se referia basicamente à Inglaterra. A partir daí a Inglaterra pôde ter legalmente acesso aos portos brasileiros. E com a volta de Dom João VI para Portugal? A forma pela qual foi decidida a volta de Dom João IV para Portugal influiu no processo de Independência do Brasil. A permanência de seu filho, o futuro Dom Pedro I, representou um passo para a transição de colônia a país sem grandes abalos, conservando-se a forma monárquica. Como ocorreu a Independência? No processo da Independência existiam duas linhas. Uma mais revolucionária, de transformação, que aparece nitidamente na Revolução de 1817, em Pernambuco, com a presença de Frei Caneca e outras figuras. Outra linha, a conservadora, queria fazer uma transição “transada”, sem muitos abalos. Esta linha, das elites fluminenses e da corte no Rio de Janeiro, foi a que triunfou. Que idéias eram defendidas para um novo Brasil? Logo depois da Independência, formaram-se “partidos”, entre aspas, pois não eram organizações como as que conhecemos hoje. Basicamente, eram correntes de opinião das elites situadas nos grandes centros, em particular no Rio de Janeiro. Um setor conservador queria manter a forma monárquica e, além disso, concentrar o máximo de poderes nas mãos do primeiro imperador, Dom Pedro I. Era a tendência absolutista, que queria dar poderes absoluto ao rei. Contra essa corrente estavam os monarquistas liberais. Eles queriam reduzir o poder do imperador e dar força à Assembléia Geral Imperial – que hoje poderíamos chamar de Congresso -, convertendo-a em um órgão que controlasse aquele poder. Essa gente queria, ao mesmo tempo, garantir as liberdades públicas, as liberdades de expressão e de manifestação de pensamento. História do Brasil - Boris Fausto Houve mesmo uma Independência do Brasil? Quando a gente fala da Independência do Brasil, surge logo essa questão importante: afinal de contas, será que o Brasil não trocou simplesmente de dono? Antes era Portugal, depois de 1822 passou a ser a Inglaterra. De fato, a Independência e a abertura dos portos, antes dela, são fatos que favoreceram imensamente a Inglaterra, a grande potência européia da época; mas isso não significa que tenha havido uma simples troca de dono. A Independência obrigou à constituição de um Estado brasileiro, com seus órgãos de representação, com seus poderes, suas relações com o mundo externo. Embora seja verdade que a Inglaterra ganhou ainda mais influência, não é menos verdade que o significado do Brasil independente ia além da relação com a Inglaterra, ou com Portugal. Mas a Independência não saiu de graça: o país foi obrigado a pagar uma indenização a Portugal para garantir seu reconhecimento pelas potências européias e, para tanto, recorreu a um crédito aberto na Inglaterra. Outro ponto importante é que, em comparação com as repúblicas sul-americanas, a Independência brasileira se deu de forma até certo ponto pacífica, embora tenha havido luta principalmente na Bahia. Qual a diferença entre a Independência do Brasil e das ex-colônias espanholas? O fato é que, enquanto a ex-colônia portuguesa se manteve unida, as antigas colônias espanholas da América do Sul se dividiram em vários países. Não existe uma explicação fácil para isso. O que se pensa, em geral, é que a elite brasileira, principalmente os presidentes de província, circulava por todas as regiões. Em outras palavras, existia no Brasil um esboço de direção burocrática que ajudou a manter unido o país. Ao mesmo tempo, um interesse muito forte estava por trás da manutenção da unidade, pelo menos em relação às principais províncias – esse interesse era a escravidão. Para manter e garantir os negócios da escravidão era importante que o país ficasse unido. Mas não foram poucos os problemas, as revoluções, entre a Independência e o ano de 1848, quando ocorreu em Pernambuco a Revolução Praieira. Por que se fez aqui uma monarquia, entre repúblicas? Isso tem muito a ver exatamente com a força da monarquia, ligada à vinda de Dom João VI, quando a Colônia de certa forma se transformou em metrópole. Isso solidificou a idéia de manutenção da monarquia; e a passagem da situação colonial à de independência se fez pelas mãos de um príncipe português, que foi Pedro I. Quais eram as características da monarquia brasileira? Ela não era igual às grandes monarquias européias, pois não houve uma aristocracia de sangue. Quer dizer, não havia uma nobreza com títulos e privilégios transmitidos por herança. Os títulos se esgotavam com a morte do titular, fosse ele barão, conde etc. Esses títulos eram um instrumento político muito importante: ao concedê-los, o imperador conferia prestígio e formava um circulo de fiéis. Como ficou o Brasil, com a Independência? Logo depois da Independência se elegeu a Assembléia Constituinte, que começou a preparar a constituição. Mas foi grande a desavença entre Dom Pedro I e os membros eleitos da Assembléia, o que resultou em sua dissolução por parte do imperador; ele próprio assumiu a incumbência de dar ao Brasil uma constituição. A primeira Constituição brasileira nasceu de forma autoritária, imposta pelo monarca à sociedade. De cima para baixo. Que pontos se destacavam na Constituição imperial de 1824? Ela deu ao imperador muitos poderes, entre os quais o mais importante talvez tenha sido o chamado poder moderador. Esse poder lhe permitia, por exemplo, nomear senadores vitalícios: recebia uma lista de três nomes e escolhia de acordo com sua vontade. Também lhe dava a possibilidade de dissolver a Câmara. Outro ponto importante da Constituição era a organização do sistema eleitoral, censitário e indireto. Censitário significa que as pessoas, para poder votar, deveriam ter um determinado nível de renda. Além disso, o voto era indireto, ao contrário do que acontece hoje. Os brasileiros votavam em um grupo de cidadãos com determinadas qualificações, e estas pessoas elegiam a Câmara dos Deputados. Naturalmente, ninguém elegia o imperador, que permanecia no poder até a morte. Outro traço do sistema eleitoral era o fato de os analfabetos poderem votar. Não se trata propriamente de espírito democrático, mas o número de analfabetos era tão grande que, se eles não votassem, o processo eleitoral na prática seria insignificante. Em grandes linhas, essa legislação eleitoral vigorou até 1881, quando ocorreu uma mudança importante. A chamada Lei Saraiva introduziu a eleição direta e, ao mesmo tempo acabou com o voto analfabeto. Que fatos marcaram o Brasil Império? Do ponto de vista político, houve no Brasil Império três períodos: o Primeiro Reinado, com Dom Pedro I como imperador, até 1831; o período da Regência, até 1840; e o Segundo Reinado, com Dom Pedro II, até a proclamação da República, em 1889. O primeiro período foi marcado por duas disputas entre brasileiros e portugueses em torno do controle do país. Em razão dessa disputa, e também tendo em vista seus interesses na sucessão do trono de Portugal, Dom Pedro I acabou abdicando e voltando para a Europa, em 1831. Os portugueses ainda viam o Brasil como uma espécie de colônia. Por exemplo, os postos mais importantes do Exército brasileiro eram ocupados por oficiais portugueses. Como se formou o Exército brasileiro? A história da formação do Exército no Brasil independente é longa. Nos primeiros tempos, os oficiais portugueses ocupavam os postos mais altos e, na base, havia uma massa de gente recrutada à força, ou que ia para o Exército só para ter o que comer. A monarquia valeu-se também de mercenários, contratando na Europa pessoas pobres que, muitas vezes, vinham para o Brasil pensando que iam ganhar terás e na realidade eram enquadradas no Exército. E quanto à Regência? Na Regência, o Brasil foi governado por pessoas da elite, enquanto esperava a maioridade de Dom Pedro II, que acabou assumindo o trono com apenas 14 anos. Uma das coisas importantes da Regência foi a tentativa de descentralizar o poder. Os regentes procuraram dar mais força às províncias, diminuindo a dominação do poder central; queriam atender principalmente aos interesses das grandes províncias – Rio de Janeiro, São Paulo, que começava a crescer, Minas, Bahia, Pernambuco e poucas mais. Entre medidas tomadas para isso, suspenderam o poder moderador – ninguém mais podia dissolver a Câmara. Também suprimiram um órgão que existia no Primeiro Reinado, o Conselho de Estado, uma assembléia de gente idosa para a época, pois era preciso ter mais de 40 anos. Na linha da descentralização, foi criado logo no começo da Regência um corpo militar, a Guarda Nacional. Pelo menos no papel, ela seria formada por todos os cidadãos das províncias, que teriam por obrigação possuir armas e seriam convocados em caso de revoluções, ou de ameaças às fronteiras. Que tipo de revolução ocorria? Desde a Independência, até mais ou menos 1848, houve no Brasil uma série de revoluções contra o governo central. Eram movimentos muito diferentes entre si e geograficamente distantes. Por exemplo, a Cabanagem ocorreu no Pará; a Farroupilha, no Rio Grande do Sul. Os integrantes dessas revoluções também não tinham características semelhantes. A revolução no Pará mobilizou principalmente uma grande massa de índios e descendentes de índios. Já na revolução Farroupilha os revolucionários eram brancos e os líderes eram sobretudo pessoas da elite. As reivindicações até certo ponto variavam, mas tinham em comum a forte oposição do governo central. Em alguns casos também se colocou em questão a natureza do regime, propondo derrubar a monarquia e instalar um governo republicano. Os revolucionários gaúchos criaram a República de Piratini, de curta duração. Em Pernambuco a revolta teve continuidade; a província já se insurgia contra os portugueses em 1817, voltou a se rebelar no Brasil independente, com a Confederação do Equador, e prossegue nesse clima de fermentação revolucionária até 1848, quando praticamente se encerra o ciclo de revoluções. Como terminaram as Regências? A Regência terminou principalmente por pressão das elites das grandes províncias, que perceberam a necessidade de um comando centralizado. Em conseqüência, foi decretada antecipadamente a maioridade de Dom Pedro II, e iniciou-se assim o Segundo Reinado. Quais os fatos mais importantes do Segundo Reinado? O longo Segundo Reinado foi o período mais importante do Brasil no século XIX. Até então, não se pode dizer que houvesse um sistema político bem definido. No tempo de Dom Pedro I houve o "partido brasileiro" e o "partido português", que não eram bem partidos, mas sim correntes de opinião. Nos primeiros anos do Segundo Reinado foram restaurados o poder moderador e o Conselho de Estado e se transformaram os dois primeiros grandes partidos brasileiros, o Partido Conservador e o Partido Liberal. O que caracterizava os dois grandes partidos brasileiros? É comum se dizer que representavam a mesma coisa. Isso só é verdade em parte, pois se eles de fato representassem a mesma coisa, por que disputariam por tantos anos o poder e se dividiram tanto? O Partido Conservador era formado pela burocracia imperial, por altos funcionários da Corte, que se aliviavam aos grandes produtores de café da província do Rio de Janeiro. Os conservadores contavam também com apoio principalmente na Bahia, e também em Pernambuco. O Partido Liberal representava os interesses de São Paulo, Rio Grande do Sul e parte de Minas Gerais. Durante certo tempo, os liberais foram favoráveis a descentralização do poder, enquanto os conservadores reforçavam a Corte e sustentavam a centralização do poder nas mãos do imperador. O que foi mais relevante no reinado de Pedro II? No plano da política externa, houve a Guerra do Paraguai, conflito em que o Brasil teve papel predominante. Foram construídas as primeiras ferrovias, expandiu-se a exportação de um novo produto, o café, e uma grande questão percorreu a sociedade: a escravidão. A partir de um determinado momento, ficou muito claro que a escravidão ia acabar. O problema era saber como liquida a escravidão no Brasil. Após uma série de leis - do Ventre Livre, dos Sexagenários - chegou-se à Abolição, em 1988. ATIVIDADES: 1. Faça uma linha de tempo da história do mbrasil colônia até a sua independência destacando os principais acontecimentos destacados nessa obra de Boris Fausto: 2. Pesquise em livros de historia como o Brasil foi governado no primeiro e segundo reinado: 3. CAÇA-PALAVRAS Abaixo, há 20 palavras sobre Colonização do Brasil. Será que vocêconsegue achar mais palavras que os seus colegas? As palavras podemestar na vertical, horizontal ou diagonal e também podem estar de trás prafrente.Boa Diversão! 4. Análise de imagens deste período. A que conclusões podemos chegar sobre 5. Responda a cruzadinha: 1) Maior capitania produtora de cana-de-açúcar: _______________ 2) Donos dos latifúndios produtores de cana-de-açúcar e dos engenhos: ________________________________ 3) País que financiava, transportava e refinava o açúcar da colônia antes de ser levado para vender na Europa: __________________ 4) Eram responsáveis em procurar os escravos fugitivos: _______________________________ 5) Produto colonial que trouxe grandes lucros para a metrópole portuguesa: __________________________________ 6) Ao serem expulsos do Brasil, os holandeses desenvolveram o plantio de cana de açúcar nas _________________7) Doença adquirida pelos negros de saudades da África: ________ 8) Morada do senhor de engenho e sua família: _______________ 9) Garantiam a estabilidade do sistema escravista, pois tinham a função de fiscalizar o trabalho dos negros: ____________________ 10) Moradia dos escravos: __________________________ 11) Justificava a escravidão negra, pois também recebiam uma porcentagem dos impostos arrecadados com o tráfico negreiro: ____________________ 12) Líder do maior quilombo do Brasil: _____________________ 13) Os escravos negros eram trazidos da ____________________ 14) Plantio de apenas um produto: ____________________ 15) Holandês que fundou Nova Holanda na capitania de Pernambuco: _______________________ 16) Navios que traziam os negros da África para o Brasil: ________ 17) A cana-de-açúcar foi introduzida no Brasil por Martin Afonso de Souza na capitania de _________________________. 18) Divisão do engenho onde se extraía o caldo da cana: ________ 19) Divisão do engenho onde o caldo da cana era transformado em um melaço: __________________________ 20) Divisão do engenho onde o melaço era batido e transformado em açúcar pronto para ser refinado pelos holandeses: ___________ 21) Maior quilombo do Brasil: _____________________ 22) O maior quilombo localizava-se na serra da Barriga, onde hoje é o estado de ________________________. 23) Garantiam a produtividade da colônia. Eram as "mãos e os pés dos senhores de engenho": _____________________________. _______ I. É demonstrada como um herói de guerra, certamente um grande guerreiro, podemos perceber isso pela espada que está a mostra II. Podemos saber que ele é um nobre, por causa da espada à mostra, mas não há qualquer indício que ele seja um nobre guerreiro, muito provavelmente era apenas um nobre. III. Podemos saber que ele era de algum reino católico. IV. Podemos saber que ele tinha riquezas, demonstrado pela utilização da seda brilhante à esquerda do quadro. V. Podemos saber que ele era encarregado da administração de algum lugar ou um

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